domingo, 2 de outubro de 2016

JOSÉ ESCADA

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NOS ANOS 60. CONHECI JOSÉ ESCADA EM
PARIS, ALÉM DE ARTISTA PLASTICO
UM PINTOR EXILADO DA SUA PÁTRIA
ERA UM OPOSITOR AO ESTADO NOVO
AO FASCISMO SERÔDIO SALAZARENTO.


José Escada


Nascimento 1934
Lisboa
Morte 1980 (46 anos)
Lisboa
Nacionalidade Portugal portuguesa
Área Artes Plásticas – Pintura


José Jorge da Silva Escada (Lisboa, 1934 — 1980) foi um artista plástico e pintor português.

Com uma breve carreira, interrompida pela morte prematura, a obra de José Escada foi alvo de uma exposição retrospetiva em 2016, na Coleção Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão).]

Aluno da Escola António Arroio, frequenta, seguidamente, o curso de pintura da Escola de Belas-Artes de Lisboa, que conclui em 1958 e onde conhece René Bertholo, Gonçalo Duarte, Costa Pinheiro e Lourdes Castro. Liga-se ao Grupo do Café Gelo, no Rossio, em Lisboa, quando partilhava um atelier por cima deste café com João Vieira, René Bertholo e Gonçalo Duarte.

Em 1958, ano de conclusão do curso, realiza três murais de grandes dimensões no edifício da Câmara de Comércio de Bissau, sede da Associação Comercial, Industrial e Agrícola da Guiné, projetado pelo arquiteto Jorge Ferreira Chaves e considerado a mais qualificada realização arquitetónica em Bissau do período colonial.

Os trabalhos iniciais de José Escada manifestam já algumas das questões centrais da sua obra; são sobretudo desenhos a tinta-da-china, definidos por linhas de contorno agitadas mas seguras, "em que diversos elementos se sebrepõem e articulam, gerando formas orgânicas"; no início da década de 1960 abandona a figuração, diluindo as formas e enfatizando os contrastes cromáticos e as diversas intensidades lumínicas , numa deslocação que o aproxima do abstracionismo lírico.


Em 1959 parte para Paris com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, cidade onde permanece até 1969. Juntamente com Lourdes Castro, René Bertholo, Costa Pinheiro, Gonçalo Duarte, Christo e Jan Voss, funda o grupo KWY. Ao longo destes anos irá desenvolver o seu vocabulário formal, marcado pela definição de pequenas figuras abstratas e tendencialmente simétricas que se espalham pela superfície da tela, e pelo desejo de articular a sua produção artística com questões de ordem espiritual e metafísica, que "já se tinham manifestado nos meados dos anos 50, quando aderiu ao Movimento de Renovação da Arte Religiosa".

Tal como muitos dos seus companheiros de geração, a obra de Escada localiza-se num espaço de fronteira entre figuração e abstração, estabelecendo diálogos onde a alusão, direta ou indireta ao mundo real, parece estar sempre presente. Para além das pinturas em suportes tradicionais, "o artista materializa as suas pesquisas sobre as formas e sobre a luz, ao criar pinturas-objeto, em papéis coloridos, recortados e dobrados de modo simétrico" onde podem ler-se associações à configuração dos ossos ou da coluna vertebral do corpo humano. Sem título (Relevo espacial), 1974 (coleção do CAMJAP, FCG), é a síntese da sua pesquisa "em torno das relações forma/corpo, luz/sombra. Um enorme conjunto de chapas metálicas recortadas [...] e dispostas em quadrículas irregulares entra pelo espaço e deixa-se invadir pela atmosfera e luz envolventes".


No fim da década de 1970, nas vésperas da sua morte, "a obra de José Escada tenderá a centrar-se em trabalhos mais figurativos e autobiográficos, verdadeiros testemunhos de uma condição simultaneamente trágica e poética do homem e da sua obra" Segundo José Luís Porfírio, em Da minha janela, a sua "esplendorosa obra final", o pintor, precocemente envelhecido, "parece querer reter o que lhe está mais próximo: o quarto onde trabalha, a janela sobre o Tejo, os seus cães, o Alto de Santo Amaro com a capela, as velhas oliveiras que são outros tantos nós e laços [...], num agarrar ao concreto que a doença e a morte lhe deram".

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