segunda-feira, 27 de abril de 2020

BOCAGE E A SUA PRISÃO NO LIMOEIRO

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BOCAGE descreve a sua entrada no Limoeiro , preso pla autoria da sua "PAVOROSA ILUSÃO DA ETERNIDADE"
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Bocage era pouco acautelado na manifestação das suas crenças políticas e religiosas.

No ano de 1797 foram denunciados à intendência da polícia, como escritos pelo poeta, uns papeis ímpios, sediciosos e satíricos, que apareciam clandestinamente com o título de Verdades Duras, e continham entre outras coisas a epístola Pavorosa Illusão da Eternidade.
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Bocage soube-o e tentou fugir, mas foi preso a 10 de Agosto do referido ano, a bordo da corveta Aviso, que se destinava a partir para a Baía.
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Eis como Bocaje nos descreve a sua entrada no Limoeiro:
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Vou pintar os dissabores
Que sofre meu coração,
Desde que Lei rigorosa
Me pôs em dura prisão.
A dez de Agosto, esse dia,
Dia fatal para mim,
Teve princípio o meu pranto,
o meu sossego deu fim.
Do funesto Limoeiro
Já toco os tristes degraus,
Por onde sobem e descem
Igualmente os bons e os maus.
Correm-se das rijas portas
Os ferrolhos estridentes,
Feroz condutor me enterra
No sepulcro dos viventes.
Para a casa dos Assentos
Caminho com pés forçados,
Ali meu nome se ajunta
A mil nomes desgraçados.
Para o volume odioso
Lançando os olhos a medo,
Vejo pôr - Manuel Maria -
E logo à margem - Segredo.
Eis que sou examinado
Da cabeça até aos pés,
E vinte dedos me apalpam,
Quando de mais eram dez.
Tiram-me chapéu e gravata,
Fivelas, e desta sorte
por um guarda sou levado
Ao domicílio da morte.
Estufa de treze palmos,
Com uma fresta que dizia
Para o lugar ascoroso
Denominado enxovia.
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A Intendência manteve-o incomunicável durante 22 dias:
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Passados vinte e dois dias
Sofrendo mil mágoas juntas,
Enfim por um dos meus guardas
Fui conduzido a perguntas.
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Depois, mantendo Bocaje em "segredo de justiça", transferiu-o para "isolamento" numa enxovia comum. Aí o seu abatimento não cessou, como se vê nestas suas impressivas palavras:
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Mete-se a chave, corre-se o ferrolho,
Faz a primeira grade estrondo horrendo,
Vai o mesmo nas outras sucedendo,
Levando o guarda sobre o ombro o olho.
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Um, deitado sem cama sobre o solho,
Outro posto a jogar, outro gemendo,
Aquele a passear e este escrevendo,
Aqui se mata a fome, ali o piolho.
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Um pedindo papel, outro tinteiro,
Aquele divertido na assembleia,
Este chorando a falta de dibheiro...
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Lutam os crimes seus na vaga ideia,
Esta tragédia é a do Limoeiro,
Representada em cena de cadeia.
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Voltou a desfrutar outra vez da liberdade, por lhe não terem encontrado no processo motivos de condenação, e também devido à protecção do ministro José de Seabra e Silva. Uma beata, Maria Teodora Severiana Lobo Ferreira, denunciou-o mais tarde, em 23 de Novembro de 1802, ao Santo Ofício como pedreiro livre, mas o processo apenas principiado não teve seguimento.
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Poemas citados por Manuel João Gomes in "O Manual dos Inquisidores", Frei Nicolau Emérico - Edições Afrodite - 1973
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Aqui fica a ímpia "Pavorosa Illusão da Eternidade". que o levou ao cércere:
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Pavorosa ilusão de Eternidade,
Terror dos vivos, cárcere dos mortos;
D'almas vãs sonho vão, chamado inferno;
Sistema de política opressora,
Freio que a mão dos déspotas, dos bonzos
Forjou para a boçal credulidade;
Dogma funesto, que o remorso arraigas
Nos ternos corações, e a paz lhe arrancas:
Dogma funesto, detestável crença,
Que envenena delícias inocentes!
Tais como aquelas que o céu fingem:
Fúrias, Cerastes, Dragos, Centimanos,
Perpétua escuridão, perpétua chama,
Incompatíveis produções do engano,
Do sempiterno horror horrível quadro,
(Só terrível aos olhos da ignorância)
Não, não me assombram tuas negras cores,
Dos homens o pincel, e a mão conheço:
Trema de ouvir sacrílego ameaço
Quem d'um Deus quando quer faz um tirano:
Trema a superstição; lágrimas, preces,
Votos, suspiros arquejando espalhe,
Coza as faces co'a terra, os peitos fira,
Vergonhosa piedade, inútil vênia
Espere às plantas de impostor sagrado,
Que ora os infernos abre, ora os ferrolha:
Que às leis, que às propensões da natureza
Eternas, imutáveis, necessária,
Chama espantosos, voluntários crimes;
Que as vidas paixões que em si fomenta,
Aborrece no mais, nos mais fulmina:
Que molesto jejum roaz cilico
Com despótica voz à carne arbitra,
E, nos ares lançando a fútil bênção,
Vai do grã tribunal desenfadar-se
Em sórdido prazer, venais delícias,
Escândalo de Amor, que dá, não vende.
II
Oh Deus, não opressor, não vingativo,
Não vibrando com a destra o raio ardente
Contra o suave instinto que nos deste;
Não carrancudo, ríspido, arrojando
Sobre os mortais a rígida sentença,
A punição cruel, que execede o crime,
Até na opinião do cego escravo,
Que te adora, te incensa, e crê que és duro!
Monstros de vis paixões, danados peitos
Regidos pelo sôfrego interesse
(Alto, impassivo númen!) te atribuem
A cólera, a vingança, os vícios todos
Negros enxames, que lhes fervem n'alma!
Quer sanhudo, ministro dos altares
Dourar o horror das bárbaras cruezas,
Cobrir com véu compacto, e venerando
A atroz satisfação de antigos ódios,
Que a mira põem no estrago da inocência,
(. . .)
Ei-lo, cheio de um Deus, tão mau como ele,
Ei-lo citando os hórridos exemplos
Em que aterrada observe a fantasia
Um Deus algoz, a vítima o seu povo:
( . . .)
Ah! Bárbaro impostor, monstro sedento
De crimes, de ais, de lágrimas, de estragos,
Serena o frenesi, reprime as garras,
E a torrente de horrores, que derramas,
Para fundar o império dos tiranos,
Para deixar-lhe o feio, o duro exemplo
De oprimir seus iguais com férreo jugo.
Não profanes, sacrílego, não manches
Da eterna divindade o nome augusto!
Esse, de quem te ostentas tão válido,
É Deus de teu furor, Deus do teu gênio,
Deus criado por ti, Deus necessário
Aos tiranos da terra, aos que te imitam,
E àqueles, que não crêem que Deus existe.
(. . .)

sexta-feira, 24 de abril de 2020

O DIA EM QUE O CHICO SANTOS COSTA DEIXOU O ENG.MENDES BARBOSA DE MÃO ESTENDIDA

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reposição.
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os nossos campeões - CHICO SANTOS COSTA
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FOTO HISTÓRICA COM O NOSSO
COMPANHEIRO CHICO SANTOS
COSTA (SIM, É O DOS FARTOS
CABELOS) A RECEBER UMA TAÇA
DAS MÃOS DO ENTÃO PRESIDENTE
DA TAP, ENG.MENDES BARBOSA.




O Chico Santos Costa , recebia das mãos do então Presidente da TAP, uma taça, após brilhante comportamento no famoso Rallye da TAP, organizado por César Torres, na presença de Botto do Carmo .
Sorridente o Eng.Mendes Barbosa estendeu-lhe a mão, mas o nosso Chico, meteu as duas mãos à Taça e ignorou a manápula estendida.
No dia seguinte foi chamado ao Gabinete do Director, e levou uma enorme piçada...

O Mendes Barbosa tinha uma grande embirração pelo nosso pessoal do RC, que não usava gravata, calçava ténis e cabelos compridos.
Chamava-nos a LEGIÃO ESTRANGEIRA.
A raiva era tanta que chegou a tentar que andássemos de bata, e a encarregar o serviço de pessoal a desenhar um modelo.Resistimos então e nunca conseguiu realizar esse desejo, pouco depois deu-se o 25 de Abril...
Publicada por Miguel à(s) segunda-feira, maio 30, 2011

terça-feira, 7 de abril de 2020

PRELIMINARES

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PRELIMINARES.
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Um médico saloio decide abrir uma clínica e coloca uma placa :


“QUALQUER TRATAMENTO 20,00 €. SE NÃO FICAR CURADO, DEVOLVO 500,00 €.”
Um advogado de Lisboa vê a placa e não resiste à oportunidade de ganhar dinheiro certo.

Advogado:
– Doutor, perdi o meu sentido do paladar.

Médico saloio :
– Enfermeira, traga o remédio do frasco 22 e ponha 3 gotas na boca do paciente.

Advogado:
– Ei, isto é gasolina !

Médico saloio :
– Boa, o seu paladar foi recuperado. 20,00 €.
O advogado irritado volta no dia seguinte:
– Perdi a memória, não me lembro de nada.

Médico saloio :
– Enfermeira, traga o remédio do frasco 22 e ponha 3 gotas na boca do paciente.
Advogado:
– Mas isso é a mesma gasolina.

Médico saloio :

– Muito bem , recuperou a memória. 20,00 €.
O advogado resolve voltar uns dias depois:

– A minha visão está muito fraca, não consigo ver quase nada.

Médico saloio :

– Bem, eu para isso não tenho mesmo remédio, assim sendo pegue lá 500,00 €.
Advogado:
– Mas isso são 20,00 € !

Médico saloio :

– Parabéns, recuperou a visão. 20,00€.
Moral da história: Não brinquem com os saloios, sobretudo se forem médicos.😀😀😀



HISTÓRIA CRUA ,VASCO DA GAMA

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do baú da TRANCA.

Recordo um dos textos coletivos da série HISTÓRIA CRUA, esta dedicada a Vasco da Gama .

De salientar que misturámos na ocasião um "estória" Monthy Pythiana com alguma realidade histórica.

texto:

ESTA É A HISTÓRIA CRUA QUE
A TRANCA INVESTIGOU E
TEVE A CORAGEM DE DIVULGAR

A TRANCA CONTINUA A VASCULHAR A HISTÓRIA
NO SENTIDO DE REPÔR A VERDADE. DEPOIS DO
MATERIALISMO HISTÓRICO, DAS HISTÓRIA
DAS IDEIAS OU IDEAL E DA NOVA HISTÓRIA
DE FERDINAND BRAUDEL, CRIAMOS A HISTÓRIA
CRUA, ONDE SÓ A VERDADE CONTA:


Ao contrário do que Luis de Camões nos impingiu naquele livrinho de aventuras que esteve para ser história de quadradinhos, os Lusíadas, Vasco da Gama não descobriu coisa nenhuma o caminho marítimo para a India, pois ele, quando saíu da Rocha do Conde de Óbidos na sua Nau Catrineta, já levava na sua pastinha tipo James Bond, um mapa comprado numa feira de ciganos nos arredores de Roma, conhecida por "Porta Portese", pelo seu amigão e companheiro de beliche na tropa, o Pero da Covilhã ,no âmbito duma operação de espionagem industrial, iniciada no Oriente.

Um mapa. dizíamos, com a chamada "Rota do Cabo" bem desenhada, com legendas em português, swailli e kinbundo, da Zambujeira do Mar a Calicute, Mombaça e Goa, com night stops e transfers incluídos em 10 cidades da costa ocidental e oriental de Africa, com vouchers para sight seeings, espectáculos circenses, life shows hétero e homo, stripes, ladies night, operas rock e convencionais, missas negras, danças tribais e orgias temáticas.

Pero da Covilhã havia estado incógnito no Oriente, tendo chegado por terra a Ormuz e Goa, via Persia ,Afeganistão (quando ainda se chamava India de Alá) e Kyber Pass.

Conhecedor da língua árabe, fora escolhido por D.João II para , como agente duplo, ir à India e Abissinia colher informações sobre as rotas do comércio das especiarias e o poder militar de Prestes João , o imperador cristão nestoriano, do reino cristão-monofisita da Abissinia, o tal que se dizia ser descendente de Baltazar, um dos Reis Magos do Presépio, o colorido..

As especiarias eram o petróleo da Idade Média, Os lucros da sua comercialização sustentavam a opulenta Veneza e os seus Dodges Giovanni Mocenigo , Marco e Agostino Barbarigo e os riquissimos Califados do Golfo Persico.

O preço das pimentas , dos coloraus, dos gengibres ocres, tomilho, cravo de cabecinha, canela, nós moscada, cravinho, cravão, caril, pó d'alho, hipericão, pau de Cabinda, pau d'arco, pau de brututu ,tornavam-se probitivos dadas as dificuldades de transporte por terra, da longa duração da viagem, dos custos variáveis , dos maus caminhos, dos assaltos, das portagens, das associações de utentes....

As especiarias chegavam à Laguna de Veneto em barcaças Venezianas que as iam comprar às costas de Alexandria, Cairo, Tunes e Tripoli, onde chegavam em expedições cameleiras de vendilhões berberes, vindas do Reino do Prestes, e era da Piazza de San Marcos que partiam para a Europa.

Mas voltemos ao nosso Vasco da Gama .

Vasco foi um adolescente problemático.

Muito influenciável, espirito fraco, deixava-se arrastar pelas más companhias para tudo o que eram modas imbecis, colecções patetas, vicios perigosos.

Cheirou cola, fumou charros, grafitou paredes, chulou garinas, vendeu relógios marados, contrabandeou tabaco, papoilas, falsificou pão ázimo pra óstias, deu cápaéles em voos cheios, colecionou religiões, saltou de crença em crença, até por se apaixonar mistica e irracionalmente por Shiva . Por ela meteu-se no Yoga , (onde teve até um problema com uma hérnia discal difusa) snifou canela, e enquanto cantava "mantras ", pintava-se de dourado e entregava-se à sua deusa .

E foi esta doideira pela Shiva que o fez entrar no concurso para tripular a Nau Catrineta para a India.

Queria ir ao Oriente, sonhava encontrar a sua divindade, vê-la, senti-la, apalpá-la, adorá-la .

Copiou imenso e foi o primeiro nos testes. Foi escolhido (?) por via duma bruta cunha duma louraça açafata da Rainha Dona Leonor, com quem mantinha um negócio de lençóis.

Na época houve protestos enérgicos de Bartolomeu Dias e de Diogo Cão, denúncias de parcialidade, reclamações hierárquicas e processos arquivados, neste escândalo a que se chamou "processo do pito dourado".

Mas tudo acabou em pizza, e o Vasco lá partiu para a sua viagem de sonho.

Então o safado, aproveita-se do trabalhinho Jamesbondeano do seu amigo do peito, o Pero da Covilhã, leva a papinha feita ,segue o mapa desenhado pelo amigão, pela Rota do Cabo, chega a Brancória actual Pretória, alcança Mombaça. Calicute e Goa, e com a maior cara de pau, aceita as honrarias só para ele : desembarque triunfal como herói, os confetis, o foguetório, os presentes, as capas de revista, a careta em tudo que é gazeta, e em vez de ficar agradecido ao seu amigo e benfeitor, apaga-o da História como quem elimina uns gazes com um traque sonoro:

-"Que nome é que disse?? Pero da Covilhã? ...Connais pas..!!!Não conheço, ñão vejo as telenovelas da TVI...

Descartou-o como o Scolari fez ao Vitor Baía,como o Koeman ignorou o Quim, como o Portas tirou a Maria Barroso da Cruz Vermelha, como o Curado fez "delete" no Patricio, como o Estaline apagou o Trotsky da Revolução, como a Cleopatra esqueceu o António, como o Jardel nunca esteve no Sporting...

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domingo, 5 de abril de 2020

ELLORA CAVE, INDIA

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ELLORA CAVE FICA NA INDIA,E UM
CONJUNTO FANTÁTICO DE CAVERNAS
COM TEMPLOS ESCULPIDOS NA ROCHA.





Ellora é um sítio arqueológico da Índia, chamado localmente de Verul, afamado por suas 34 cavernas artificiais escavadas ao longo de 2 km nas montanhas Charanandri para criação de templos e mosteiros Budistas, Hinduístas e Jainistas. O sítio está localizado a cerca de 30 km da cidade de Aurangabad, no estado de Maharashtra.

O grupo de templos foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1983, e representa a epítome deste estilo de arquitetura na Índia. A construção ocorreu entre os séculos V e XIII, e compreende 12 grutas Budistas, 17 Hinduístas e 5 Jainistas.



História
As grutas Budistas (1 a 12) são as mais antigas, tendo sido escavadas entre os séculos V e VIII, quando a seita Mahayana floresceu na região. As Hinduístas (13 a 29) foram criadas entre os séculos VII e X, e incluem o famoso templo Kailasa, cuja construção se deve possivelmente ao Rei Krishna I. Por fim, as Jainistas datam de entre os séculos X e XIII. Ao longo do tempo a região caiu em relativa obscuridade, embora haja relatos históricos de viajantes mencionando a magnificência do conjunto. A proximidade de tantos templos pertencentes a religiões diversas atesta a harmonia e tolerância religiosa que reinava na época de sua construção.

Atualmente o sítio é administrado e protegido pelo governo da Índia, que executa ações periódicas de preservação no patrimônio arquitetônico e artístico do sítio arqueológico, bem como subsidia diversos projetos de pesquisa em várias especialidades científicas de interesse para a sua conservação e programas de educação para estudantes.


Grutas budistas

Gruta 10, mostrando uma galeria com a imagem de Buda
Principalmente compreendendo mosteiros (viharas) de dois ou três andares, com séries de quartos, salas, galerias, cozinhas e outros aposentos. As mais notáveis são as grutas 5, 10 e 12, com fachadas ornamentadas por galerias e janelas, pátios internos e significativa estatuária. A gruta 12 é especialmente importante, sendo um enorme mosteiro em três andares, com um grande pátio defronte, e no interior existem grandes estátuas de Buda. A gruta 10 possui uma sala em forma de stupa, cujo teto foi entalhado de modo a simular obra em madeira. Ao fundo fica uma estátua monumental de Buda sentado em atitude de pregação.

Grutas hinduístas

Gruta 29
As mais interessantes são a 15, 16 e 29. A gruta 15, Dasavatara, é uma caverna com dois andares, com grandes esculturas e painéis em relevo, ilustrando os avatares de Vishnu e entre outras cenas a morte de heróis e seres míticos, com fino detalhamento e formas vigorosas.

A gruta 16 é o templo Kailasa, uma das mais importantes grutas-templo da Índia por suas proporções gigantescas, sua habilíssima decoração esculpida e pelo engenho arquitetônico demonstrado em sua construção, que significou a remoção de mais de 200 mil toneladas de rocha, em mais de 100 anos de trabalho. Possui um grande pátio de 82 x 46 m escavado na rocha viva, contra um paredão de 32 m de altura às suas costas. O templo consiste em um santuário principal para um lingam de Shiva, com estrutura sustentada por pilastras, com um pórtico e outros santuários anexos dedicados a deidades menores. A sua estatuária é considerada das mais ousadas e perfeitas em todo o patrimônio artístico indiano, segundo o relatório da UNESCO,[1] sendo especialmente digna de nota a representando Rama em ato de levantar o monte Kailasa. As paredes são decoradas também com pinturas.

A gruta 21 (Ramesvara) tem pilares maciços ornamentados com figuras de devas e motivos vegetais. Outras esculturas que se salientam são as das deusas Ganga e Jamuna, e a de Shiva com quatro braços. A gruta 29, Dumar Lena, é uma grande escavação com um santuário para um lingam, uma série de grossos pilares e diversas esculturas, das quais a cena representando o casamento de Shiva com Parvati é das mais refinadas.

Grutas jainistas

Gruta 34
As últimas a serem construídas no complexo, criadas pela seita Digambara, as grutas Janistas se espelham nos modelos Hindus das proximidades, igualmente com admirável decoração esculpida e remanescentes de belos painéis pintados, de grande importância para a história da arte da pintura na Índia. A arte que estas grutas contêm ilustra características específicas da ascética fé Jaina, com maior atenção ao detalhe e proporções arquitetônicas menos impositivas.

sábado, 4 de abril de 2020

QUERUBIM LAPA, ceramista e pintor

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QUERUBIM LAPA, CERAMISTA, ALGARVIO ENCHEU DA SUA OBRA
AS RUAS, AS CASAS ,OS CINEMAS, OS CAFÉS DE CULTO ,OS
EDIFIIOS PUBLICOS, ENFIM ,A CIDADE.



E nós. lisboetas, passamos pela sua arte sem saber
Mas não só Lisboa ganhou obra sua, como se verá adiante.


Querubim Lapa
Nascimento 1925
Portimão
Morte 2 de maio de 2016
Lisboa
Nacionalidade portuguesa
Área Pintura, cerâmica
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Querubim Lapa de Almeida GOSE (Portimão, 1925 — Lisboa, 2 de maio de 2016) foi um artista plástico e professor português.

Pintor, desenhador e gravador, autor de trabalhos de tapeçaria, Querubim Lapa é reconhecido sobretudo como um dos mais importantes ceramistas portugueses, com soluções plástica e tecnicamente inovadoras, destacando-se os seus inúmeros painéis para espaços públicos (assinalem-se, por exemplo, os painéis que criou para a Reitoria da Universidade de Lisboa, 1961, para a Avenida 24 de Julho, Lisboa, 1994, ou para a Estação Bela Vista, do Metropolitano de Lisboa, 1998).



Vida e obra

Nascido em Portimão em 1925, Querubim Lapa teve o seu primeiro contacto com a realidade artística pluridisciplinar ao visitar a Exposição do Mundo Português em 1940. No ano seguinte frequentou as aulas de pintura do pintor Trindade Chagas e, em 1942, matriculou-se na Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde foi aluno de Lino António. Nesse mesmo ano expôs pela primeira vez, apresentando-se em conjunto com os colegas Pedro Oom e Júlio Gil no Instituto Italiano de Cultura; esta seria a primeira de tantas outras participações em mostras coletivas em Portugal e no estrangeiro. Durante esse período trabalhou como ajudante de Jaime Martins Barata. Terminado o curso da António Arroio em 1946, entre 1947 e 1950 frequentou o curso de Escultura da ESBAL, onde foi aluno de Leopoldo de Almeida.[1]

Esses primeiros anos, de estudo, "revelam já na sua obra uma clara marca autoral no gosto do traço límpido e do trabalho lumínico, da escolha maioritária das mulheres do povo como figuras centrais. O neorrealismo dos anos 45 e 46, com a sua série de mendigos, corrobora o seu interesse por temas ligados ao quotidiano, seja na série inspirada no Circo, em 1948, ou em obras como a pintura As Costureiras, de 1949"[2]. A sua ligação ao neorrealismo é temporária e a sua obra irá desviar-se, tomando depois rumos decorativos (a nível da produção cerâmica), com grande engenho de formas abstratizadas ou surrealizantes[3][4].

Em 1948 colabora no documentário de Manuel Guimarães sobre a obra de Soares dos Reis (para o qual molda uma série de esculturas do homenageado). Inicia um período intenso de produção desenhada, pintada e gravada, partilhando atelier na Rua Garrett com António Ayres e Lagoa Henriques. Em 1950 pede transferência para a Escola do Porto (ESBAP), que frequenta durante dois anos e onde é aluno do escultor Barata Feyo. De regresso a Lisboa, em 1953 conclui o Curso Especial de Escultura da ESBAL (em 1978 finalizará o de Pintura), iniciando então carreira como professor do Ensino Secundário.

Em paralelo com a docência, em 1954 inicia atividade de ceramista na Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, Lisboa, (mãe do nosso colega na TAP Leite da Silva), onde lhe é cedido um espaço de ateliê; desenvolve painéis que serão integrados em obras de arquitetura de Raúl Chorão Ramalho (Centro Comercial do Restelo) e Francisco da Conceição Silva (Armazéns do Minho, Moçamedes, Angola).


Em 1955 colabora com o pintor Lino António e por convite deste nesse mesmo ano inicia a docência na Escola António Arroio, cujas oficinas passa a orientar. Envolvido desde o início no projeto da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, é aí que realiza, em 1960, a sua primeira exposição individual, expondo pintura, gravura e cerâmica. Faz a decoração da Loja das Meias (Lisboa), a convite do Arq. Carlos Tojal. Na sequência da sua intervenção no Hotel Ritz, realizada no final da década de 1950, Jorge Ferreira Chaves convida-o a realizar dois painéis de cerâmica policromada para a Pastelaria Mexicana (1961).

Na década de 1960 abandona a pintura, a que regressa em meados da década seguinte, quando opera por sua vez uma interrupção na criação cerâmica, área em que tinha desenvolvido uma longa experimentação técnica e formal, "levando mais longe as pesquisas abstracionistas que iniciara em pintura no final da década anterior". Se entre 1956 e 1973, a cerâmica o absorve quase em exclusividade, "nos anos 70, uma viagem pelos museus e ateliês de artistas na Europa, fá-lo retomar a vontade de pintar, afirmando então que a cerâmica lhe parecia, ao tempo, limitada. Depois de, em 1974, ter criado uma série de pinturas de homenagem aos Nenúfares, de Monet, uma nova fase muito politizada surge nos últimos anos da década (1974-78), mostrando um «pintor de intervenção» — como se define".

Ao longo das últimas décadas retoma uma via mais claramente dedicada à cerâmica que tem sido objeto de diversos estudos e exposições, podendo destacar-se a sua participação em coletivas de relevo promovidas pelo Museu Nacional do Azulejo (1978; 1991) ou pela Fundação Calouste Gulbenkian (1981; 1982), e a sua exposição retrospetiva no Museu Nacional do Azulejo (1994).

Em 1986 Querubim Lapa ganha o Prémio de Azulejaria da Câmara Municipal de Lisboa com o painel da entrada sul do Banco de Portugal.

A 10 de junho de 2015, foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[7]

Morreu a 2 de maio de 2016, em Lisboa, após complicações respiratórias derivadas de um acidente vascular cerebral.

Exposições individuais (seleção)
1960 – Galeria de Arte da Gravura (exposição inaugural), Lisboa.
1994 – Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.
Exposição coletivas (seleção)
1942 – Instituto Italiano de Cultura, Lisboa.
1948 – 12ª Exposição de Arte Moderna, S.N.I., Lisboa.
1949 – Salão de Inverno, SNBA, Lisboa; Salão da Primavera, SNBA, Lisboa.
1949-1954 – Participa em 5 edições das Exposições Gerais de Artes Plásticas, SNBA, Lisboa.[1]
1950 – Galeria da Livraria Portugália, Porto.
1952 – Mostra Internacional Bianco e Nero, Lugano.
1953 – II Bienal de Arte Moderna de S. Paulo, Brasil; I Exposição de Artes Plásticas, Caixa Económica Operária, Lisboa.
1955 – Exposição Retrospetiva da Pintura Moderna Portuguesa.
1956 – Exposição Artistas de Hoje, SNBA, Lisboa.
1957 – I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, SNBA, Lisboa.
1958 – Pavilhão de Portugal na Exposição Internacional de Bruxelas, Bruxelas; Onze Pintores Portugueses, Galeria Abril, Madrid; Gravadores Portugueses, Gotemburgo.
1959 – II Salão de Arte Moderna, SNBA, Lisboa; 50 artistas independentes, SNBA, Lisboa.
1961 – II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.[10]
Coleções
Encontra-se representado em coleções públicas e particulares, entre as quais: Museu de Arte Moderna de Tóquio; Museu do Chiado; Museu Nacional de Soares dos Reis; Museu Nacional do Azulejo; Fundação Calouste Gulbenkian.

Painéis Cerâmicos
Querubim Lapa executou inúmeras obras cerâmicas, de entre as quais podem destacar-se:

Azulejos de padrão das fachadas das galerias inferiores do Centro Comercial do Restelo, Lisboa (1954).[11]
As Meninas e Os Meninos, Escola Querubim Lapa, Campolide, Lisboa (1956).[11]
Relevos cerâmicos para o Pavilhão de Portugal na Feira Internacional Comptoir Suisse em Lausana (1957).
Revestimento de coluna com peças de cerâmica policromada em relevo, Hotel Ritz, (1959).[11]
Terminal militar da Base Aérea n.º 4, Lajes, ilha Terceira, Açores (1961).
A Cultura, painel de azulejos, Reitoria da Universidade de Lisboa, 1961.[11]
Dois painéis de cerâmica policromada em relevo na Pastelaria Mexicana, em Lisboa (1961).
Revestimento exterior e interior da Casa da Sorte, em Lisboa (1963).[11]
Baixo-relevo de grandes dimensões para a delegação do Banco Nacional Ultramarino em Lourenço Marques, actual Maputo (1963).
Intervenções nas delegações da TAP de Luanda e Joanesburgo (1965), Copenhaga e Frankfurt (1968).
Relevo cerâmico, Casino do Estoril, Estoril (1967).[11]
Painéis para o Palácio de Justiça de Lisboa (1969).[11]
Dois baixos-relevos cerâmicos para a Embaixada de Portugal em Brasília (1976).[11]
Painel para a Câmara Municipal do Cartaxo (1982).
Painel para o Hospital de Coimbra (1984).
Painel para o Banco de Portugal, Lisboa (1986).[11]
Terraço, Avenida 24 de Julho, Lisboa (1994).[11]
Revestimento da Estação Bela Vista, Metropolitano de Lisboa (1998).[11]
Painel de azulejos que reveste a base da biblioteca municipal José Saramago, Feijó, Almada (2009).[12]

Casa da Sorte, Lisboa