sexta-feira, 29 de março de 2019

CALENDÁRIO JULIANO

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NA VELHA TRANCA, TÍNHAMOS UM ESPAÇO
"RELIGIOSO" ONDE TODOS OS DIAS
CRiÁVAMOS UM TEXTO ALTERNATIVO
AO CHAMADO "SANTINHO DO DIA" DO
CALENDÁRIO JULIANO.
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No dia de "Santa Cita", saí entre gargalhadas impuras esta pajela:

Cita não conheceu os seus progenitores. Na verdade, foi abandonada na roda do Convento das Irmãs Beneditinas de Trancoso. Diz-se ter sido filha dum pecado da Madre Superiora da Instituição, com o Rei de Portugal. Cresceu e fez-se mulher entre claustros, hábitos, rosários, carrilhões, tedeuns e missas cantadas. A sua vida sofreu um salto qualitativo, quando num Verão em que tinha sido destacada como monitora, para o Centro de Férias das Filhas de Cristo do Moinho da Asneira, foi apanhada a pular a cerca do quintal, para se encontrar com um frade noviço, finalista do Seminário de Vila Nova de Milfontes, chamado Augustinhe Mê Filhe. Expulsa, meteu piercing na língua e no grande lábio, fugindo para Lisboa com o celerado, que ainda por cima a abandonou, trocando-a ignòbilmente por pianáres e pela Tasquinha do Pote D.Água. Da capital foi para o Texas, alugou uma casinha na Travessa dos Remolares, tão perto do local de trabalho, o famoso "Texas Bar", que podia ir a pé.. Fazia também uma "perninha" no "Escandinávia", e mesmo assim, continuava virgem, com testemunhas a afirmarem que nunca homem nenhum lhe havia posto um dedo sequer nas partes vergonhosas. (Nem nunca se falou de mulheres também).
Preocupada com a qualidade da alimentação e serviços do seu local de trabalho, abriu uma Escola Superior de Formação para pretimosas meninas, na nobre arte do refugado e no transporte de terrinas de sopa, nascendo assim a categoria profissional de "sopeira"
Lisboa foi inundada de sopeiras recem-formadas, todas submissas, todas de buço insipiente, pèzinhos mimosos, calçados tamanho 42, vegetação nas pernas, e aptas para todo o serviço. Senilizada muito cedo, caiu no caldeirão do caldo verde, dando origem à "sopa de pedra", famosa pela qualidade da carne e pela dureza da cabeça, que ao ficar intacta, recebeu o nome de calhau. Mesmo assim comeram-na. Por tão grande sofrimento, foi canonizada pelo Papa Açorda XXII, figurando ainda hoje em qualquer cardápio de restaurante de renome.


Publicada na TRANCA na sexta-feira, dezembro 24, 2004

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