segunda-feira, 28 de março de 2016

crónica de um dia diferente

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CARTA A UMA COLEGA AUSENTE
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FAZ HOJE 13 ANOS QUE FOI PUBLICADA
NA TRANCA ON LINE , UMA CARTA IMAGI-
NÁRIA A UMA COLEGA DE FÉRIAS NO
BRASIL,CONTANDO-LHE O QUE ESTAVA
A ACONTECER NO REV, O SEU LOCAL DE
TRABALHO.
É ESSA CARTA QUE HOJE RECORDAMOS:

"CRÓNICA DE UM DIA DIFERENTE
...............carta a uma colega de férias

Ontem foi um dia de grande significado para a nossa sala. Que pena não teres estado presente.
Alguns deputados e membros do Governo, em visita às instalações da Companhia, escalaram por alguns minutos o nosso local de trabalho.
Já anteontem tinhamos sido avisados, que deveríamos, no dia seguinte, vir vestidos com "sobriedade e decência". Foram estes os termos empregados pela nossa chefia.Chegou a haver um certo burburinho de reprovação e alguma chama de rebelião:"Essa agora, então querem-nos obrigar a vir de fatinho e saia casaco?, era o que faltava", disse alguém. "Deveríamos é vir todos de bibe" opinaram outros. "Quem tiver a hortaliça no sítio, vem à Pai Adão", ouviu-se na confusão geral.
E o grande dia chegou.
Face à importância do acto, e para ciceronar tão selectas personalidades, foram recrutados a recibo verde, o Antonino Pirilau e a Ana Farpas.

O Pirilau, por causa daquele curso de gueixa que com os dinheiros da CEE, foi tirar ao Japão,e da sua obsessão delirante de mostrar a sala do REV a quem lá entrasse pela primeira vez; a Ana, por via do seu saber estar, e do seu curso de "care team", que há bem pouco dirigiu com tanto êxito.

Ele , de fatinho de veludo-cócó Yves Saint Laurent, ela de modelito tipo "Rainha-mãe-Lady Di", de fartos folhos rocócó, redingotes e godés, de còr mostarda.

Ele, à medida que dirigia o grupo pela sala, ia entremeando com vénias, gestos harmoniosos, genoflexões, flic-flacs, cambalhotas, sermões e missas cantadas, a descrição minuciosa do que iam vendo: "Ali é onde pomos os passageiros em vinha -de- alhos, acolá salgamo-los, aqui tiramos-lhes as tripas, a pele e as unhas, bla bla bla...."

Ligeiramente atrás, a Ana Farpas , segurando fortemente o braço do Bagão Félix, ia destilando o seu veneno :-"Isto aqui , senhor Ministro , é uma cambada de incompetentes, arrivistas- já- residentes", e ,bandarilhando com o olhar os seus ex-colegas: "Gente sem berço, sem principios, que nunca foi à ópera, nunca assistiu a uma conferência na Gulbenkhian"

Às tantas, destacando-se do grupo, o Paulinho Portas, de casaquinho Armani verde vomitivo, camisinha lilás e gravata rosa-marisco. desabafou: "Um avião é esteticamente bonito, mas ,tenham dó, um submarino tem uma beleza bem mais fina" (suspiro) Na sala fez-se um silêncio compungido.E virando-se para uma lindíssima nossa colega das Americas: "Ouvi dizer que tem um namorado muito robusto, um passarão, dizem-me",
A Odete Santos ia grasnando naquele seu fanhoso falajar :"Estamos mas é a ser colonizados pelo Brasil" ,enquanto lhe oscilavam as penas do turbante e os colares de missangas de péssimo gosto.

O Durão Barroso, talvez chibado por algum bufo-de-mão, desatou , em tom eleitoraleiro, a gritar a sua indignação nacionalista:- "Numa Companhia em crise, vamos proibir as borlas para a América do Sul, especialmente para o Brasil" , e, mirando pelo canto do olho do dono daquilo tudo, numa de nacionalismo-enciumado:- "Contentem-se com gente cá da terra"...

E lá se foi o grupo de cinzentos porta-fóra, esmagado pelas vénias do Pirilau e os arrasos da Farpas"


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